Como se obtém a Gnose?
Este conhecimento não se adquire pelas mesmas vias do conhecimento comum, que poderíamos denominar como conhecimento utilitário ou mundano; o conhecimento gnóstico é insondável para o intelecto. Tampouco se adquire pela acumulação de conceitos na memória. Significa isto que os mecanismos utilizados para o desenvolvimento do conhecimento utilitário, não funcionam quando tentamos sondar os Mistérios da Luz.
A gnose adquire-se pela experiência mística direta.
Pela vivência interior de caráter intuitivo e transcendental. O ser humano possui possibilidades ocultas, latentes dentro se si que, uma vez despertas, permitem experimentar diretamente as grandes Verdades do Universo.
Crença ou Fé
Há que distinguir entre crença e fé. Existe hoje em dia uma confusão entre estas duas palavras de tal forma que, fé e crença se tornaram quase sinônimos. Crer ou acreditar, não pressupõe conhecer. Quando se diz, “creio em Deus”, não se está a dizer que haja conhecimento desse Deus. Acredita-se que ele exista; tem-se a expectativa de que ele seja desta ou daquela forma; confia-se que ele se manifeste nestas ou naquelas condições.
A Gnose não é uma crença. Ao estudante gnóstico não interessa acreditar em Deus, interessa-lhe experimentar Deus.
A Gnose é precisamente a apreensão direta e intuitiva da Verdade.
Este é o sentido real da palavra Fé. O Conhecimento ou a Gnose chega até nós por meio da Revelação. Para tal, é necessário que estejamos preparados, que haja condições no nosso coração para o seu advento.
Conhecimento Intelectual ou Conhecimento Gnóstico
No conhecimento intelectual, as informações adquiridas mantêm-se separadas do indivíduo. Só o sabemos enquanto conseguimos lembrar-nos do que aprendemos.
A Gnose, ainda que inicialmente possa ser apresentada por conceitos, depois deverá ser experimentada e assimilada.
A Gnose deve converter-se numa auto-gnose.
Por outras palavras, aquele que detém a Gnose torna-se um Iluminado, um sábio, no sentido mais profundo da palavra.
Do ponto de vista gnóstico, o facto de uma pessoa ler toda uma biblioteca não o torna sábio; por outro lado, um analfabeto pode atingir a Sabedoria, porque esta resulta do Ser e não do saber acumulado na memória.
A Gnose hoje
Será que vale a pena falar de Gnose nos dias e no mundo de hoje? A Gnose, como conhecimento milenar, que aplicabilidade tem no mundo de hoje? Que contributo pode dar às nossas vidas, seja numa perspetiva individual ou coletiva?
Nós pensamos que faz sentido estudar a gnose nos dias de hoje e sempre. Pensamos mesmo que o seu contributo pode ser decisivo nestes tempos conturbados que vivemos.
No tempo atual, a nossa sociedade tem-se tornado cada vez mais autossuficiente. Vivemos a vida como um fim em si mesmo, ou seja, para o indivíduo contemporâneo, o motivo último da sua existência é a própria vida em si, e por isso nos rodeamos de tudo aquilo que nos agrada, de tudo o que nos dá prazer ou nos faz sentir bem.
E assim fomos aperfeiçoando tudo à nossa volta, fomos suprimindo, tanto quanto possível, tudo o que nos era incomodo, cansativo, doloroso etc. Aparentemente, poder-se-ia pensar que caminhávamos para um estado de perfeição, poder-se-ia pensar que caminhávamos para um estado de felicidade integral. Mas não! Como se torna evidente, não estamos a caminhar para a felicidade! Isso acontece porque as principais questões acerca da nossa existência, acerca de nós mesmos continuam sem resposta.
Tal como para os antigos gnósticos, continua a ser vital saber quem somos, de onde vimos e para onde vamos; continua a ser essencial conhecer-nos profundamente, integralmente.
Não podemos ser felizes, não podemos sentir-nos realizados sem autoconhecimento.
Autoconhecer-nos é reconhecer, identificar dentro de cada um a sua origem divina mas, para isso é preciso dissipar todos os fatores de ignorância e de erro que nos afastam dela.
A felicidade vem de dentro e não de fora!
Infelizmente seguimos equivocados achando que a felicidade está fora e, quanto mais fugimos de nós para o exterior, mais frágeis, mais iludidos vamos nos tornando e, nos afastamos do autoconhecimento.
Por isso a Gnose continua a ser uma necessidade atual. A Gnose é inerente ao homem, é inerente à vida. Só a Gnose outorga ao ser humano o conhecimento integral de si mesmo e do universo, assim como o êxtase e a plenitude resultantes da pacificação de todos os conflitos interiores.
A Gnose é eterna!
Enquanto houver humanidade, haverá necessidade de transcendência. Uma civilização sem aspirações de transcendência, sem desideratos, é uma civilização moribunda.
A aspiração verdadeira ao divino que está no nosso interior é a fonte de águas límpidas, cristalinas, sempre renovadas, que sacia e dá vida.
A frase que se encontra inscrita na entrada do templo de Delfos é a mensagem eterna que queremos lembrar a todos os que visitam a nossa página:
HOMEM, CONHECE-TE A TI MESMO!
E CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES